
O inverno no Hemisfério Sul começa às 23h42 desta sexta-feira (20). A chegada da estação é marcada pela ocorrência do solstício, fenômeno que provoca o dia mais curto e a noite mais longa do ano.
Em Pernambuco, segundo a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), este inverno deverá ter:
- Chuvas dentro da média;
- Temperaturas dentro ou acima da média.
"A previsão está mostrando que as chuvas vão ficar dentro da média. Como é tempo chuvoso ainda junho e julho, se espera que chova bastante. Essas chuvas devem permanecer, principalmente no início do inverno. A partir de setembro, as chuvas começam a diminuir em todo o estado de Pernambuco", explica a meteorologista da Apac Aparecida Fernandes em entrevista à Folha de Pernambuco.
A especialista ainda destaca que esta é uma época do ano com menor incidência de radiação solar. Por isso, faz mais frio no Hemisfério Sul.
"É o período em que a gente tem menos radiação, porque o Sol está mais virado para o Hemisfério Norte. Temos mais nuvens e, quando se tem mais nuvens, diminui a radiação solar e por isso que é um período mais frio aqui no estado de Pernambuco", completa Aparecida Fernandes.
Boa parte do inverno — que se estenderá até 22 de setembro, às 15h19, quando ocorrerá o equinócio de primavera — compreende a quadra chuvosa, período que concentra os meses mais chuvosos na Região Metropolitana do Recife (RMR), Zonas da Mata Norte e Sul e Agreste pernambucano.
"No início do inverno, a gente tem temperaturas mais amenas no Sertão, mas, no final, é quando começa a ter as temperaturas elevadas. E aqui [faixa leste do estado] as temperaturas começam a ficar mais elevadas mesmo a partir de outubro, novembro, dezembro", completa Aparecida Fernandes.
A climatologia da Apac mostra que são esperados os seguintes acumulados de chuva nos meses de inverno em Pernambuco:
- Junho: 337,6 mm na RMR; 224,6 mm na Mata; 115,3 mm no Agreste; e 35,3 mm no Sertão;
- Julho: 314,0 mm na RMR; 200,9 mm na Mata; 107,9 mm no Agreste; e 28,8 mm no Sertão;
- Agosto: 176,9 mm na RMR; 112,4 mm na Mata; 58,5 mm no Agreste; e 11,6 mm no Sertão;
- Setembro: 102,1 mm na RMR; 59,8 mm na Mata; 33,4 mm no Agreste; e 8,5 mm no Sertão.
Junho, é inclusive, o mês mais chuvoso do ano na RMR e Mata e no Agreste. Já setembro é o mês mais seco do ano no Sertão.
Solstício: o que é fenômeno que marca chegada do inverno
Do latim solstitium, o termo solstício significa "sol parado". Isso porque, neste ponto do ano, o Sol atinge a sua maior inclinação em relação ao Hemisfério Sul da Terra. O Sol fica mais baixo no céu ao meio-dia e tem trajetórias mais curtas ao longo do dia.
É por isso que, no exato dia do solstício, acontece o dia mais curto e a noite mais longa do ano. Depois do dia do solstício, lentamente, os dias voltam a ganhar alguns minutos de luz até que, no equinócio da primavera, em setembro, a duração se equilibra novamente entre dia e noite.
Embora também ocorra em Pernambuco, o impacto do solstício na duração dos dias e das noites é mais perceptível em regiões de latitude média ou alta, como é o caso, por exemplo, dos estados mais ao Sul do Brasil, da Argentina e do Chile.
"Esse fenômeno é mais acentuado quanto mais afastado do equador terrestre o observador se encontra. Quanto maior a latitude, mais se percebe essa diferença, chegando ao máximo nos polos, onde o Sol não nasce no inverno e não se põe no verão", esclarece a astrônoma do Observatório Nacional, Josina Nascimento.
O Observatório Nacional ainda explica que, nos dias atuais, o inverno pode começar em 20 ou 21 junho. A variação está ligada, principalmente à precessão dos equinócios, que desloca os pontos dos equinócios em relação às estrelas.
"Além disso, há uma diferença entre o ano civil e o ano trópico: enquanto o ano civil tem 365 dias, o ano trópico — tempo entre dois solstícios ou equinócios consecutivos — tem 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46 segundos. Essa discrepância é ajustada pelo ano bissexto, corrigindo a defasagem de cerca de seis horas que ocorre a cada ano", destaca o Observatório Nacional.
Eventos extremos
Em um planeta que sofre cada vez mais com as mudanças climáticas, é importante destacar que pode acontecer, em algum dia, um evento extremo de muita chuva, com altos volumes. E esses eventos, destaca a meteorologista da Apac, não podem ser previstos com grande antecedência.
"O que vem ocorrendo é que esses eventos podem ocorrer em qualquer mês do ano, podemos ter um evento de chuva de 100 milímetros aqui.O planeta está aquecendo, Pernambuco também, e esse aquecimento faz com que, em alguns momentos, quando se entra um sistema meteorológico que tenha potencial de ter uma chuva moderada a forte, ele pode potencializar e principalmente quando é antecedido de dias muito quentes", afirma Aparecida Fernandes.
"Os eventos extremos estão ficando mais intensos e mais frequentes porque o calor é o alimento para essas chuvas fortes"
Diante desse cenário e da chegada do inverno, a população precisa ficar atenta aos canais oficiais da Apac, como o perfil no Instagram ou o site da agência.